quinta-feira, 19 de abril de 2012

O REI E O MENINO MENTIROSO

O REI E O MENINO MENTIROSO
Um certo homem tinha muita inveja do vizinho. Não achando em que lhe perseguir foi ao reinado contar para o rei que seu vizinho gostava de contar mentira. Então o rei lhe disse:
_ Pois diga a ele, que no dia vinte de abril, eu vou em sua casa para ele contar uma mentira e que nada seja verdade. Quero também que componha uma Ave Maria.
O vizinho ao saber disso foi ficando muito triste, sem comer, sem dormir. Sua mulher preocupada perguntava com todo amor:
_ O que você sente? Por que está tão triste?
E nada do marido dizer.
Quando já estava bem pertinho do dia seu filho que lhe queria muito bem e era muito esperto  e inteligente lhe perguntou:
_ Pai, o que é que o senhor sente que fica só nesta imensa tristeza? O senhor não pode me dizer o que sente?
O pai com aquelas palavras do filho disse:
_ Não é nada meu filho. É porque foram dizer ao rei que eu gostava de contar mentiras. Se eu não sei mentir, como vou ficar despreocupado se no dia vinte deste mês ele vem aqui em casa para eu contar uma mentira, que nada seja verdade, que a mentira componha uma ave Maria.
_ Ah! É isso pai, pois o senhor pode comer, dormir despreocupado que eu resolvo os problemas com o rei. Quando for no dia que ele vier o senhor se esconde detrás da porta e eu saio fora.
Quando foi no dia marcado o rei chegou na casa do homem. E do jeito que o filho disse fizeram. O homem escondeu-se detrás da porta e o filho saiu fora. O rei perguntou:
_ Menino cadê teu pai?
O menino respondeu:
_ O papai foi apanhar fava.
O rei disse:
_ Que conversa é essa, menino?
_ Foi sim senhor. Entre que eu vou lhe contar toda a história:
Meu pai tinha muitas cortiças, quando foi um dia ele foi contar as cortiças e não soube contar porque era tantas que ele errou a contagem. Passou-se muitos dias lelé foi contar as abelhas. Em suas contagens faltou uma abelha. O meu pai ficou tão preocupado com aquela abelha que tinha faltado. Então resolveu ir procura-la na mata, mas quando chegou lá encontrou um lobo engolindo a abelha. Quando meu pai viu aquilo ficou com tanta raiva que jogou o machado no lobo. Depois procurou o machado e não achou mais o machado. Quando foi no outro dia ele foi botar fogo na mata. Queimou a mata toda e também o machado, pois só encontrou o cabo. Então meu pai pegou o cabo e levou para o ferreiro. Lá o ferreiro trabalhou, trabalhou no cabo até que fez um anzol. Meu pai pegou o anzol e foi pescar. Quando estava pescando sentiu que um bicho deu um puxão no anzol. Ele puxou, mas quando chegou em cima ele se assustou por que o que vinha no anzol era uma burra. Ele trouxe a burra para casa. Daquele dia pra cá a burra foi o nosso meio de vida. O papai alugava para as pessoas e servia em tudo para nós. Mas de tanto trabalhar nasceu um jerimum no espinhaço da burra. Desse jerimum nasceu um pé de fava. É desse pé de fava que nós estamos vivendo. Todo dia o meu pai vai apanhar fava para nós comer e vender.
Com essa história do menino o rei disse:
_ Menino diz o teu pai que eu não quero mais negócio com ele. Por que tu contou uma mentira que compõe uma ladainha, quanto mais o teu pai.
Contada e Escrita por
Maria do livramento
                                                                                                             Cruz, 20/10/2004

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