quinta-feira, 19 de abril de 2012

VINTÉM


VINTÉM
Em uma cidade tinha uma lei que toda pessoa que morresse tenha que passar uma noite de sentinela. Lá na igreja era escalada só uma pessoa da família para fazer a sentinela.
Tinha um homem na cidade que devia pra muita gente. Um dia ele combinou com sua esposa que ia se fingir de morto e ela ia na casa de cada um que ele devia para perdoá-lo por causa das contas. Recomendou que dissesse que o marido tinha morrido e que ela era uma viúva muito pobre, que não tinha com que pagar as contas. Todos acreditaram nela menos um deles. Então a mulher foi até a igreja e baixinho disse ao marido:
_ Todo mundo perdoou as dívidas, menos o compadre João.
O compadre achou a morte muito repentina e decidiu verificar se era verdade. Então, sem que ninguém percebesse, ficou escondido detrás da coluna da igreja, bem quietinho.
Altas horas, ao perceber as luzes da igreja acesas, dois ladrões que roubavam na rua, resolvem entrar para dividir os roubos. Repartiram o dinheiro, mas sobrou um punhal. Um olhou para o outro e disse:
_ Tu ficas com a bainha que eu fico com o punhal.
O que fica só com a bainha não concorda. Então eles pensaram e resolveram:
_ Já que tu não queres a bainha, eu também não, vamos cravar este punhal no defunto?
O defunto ouviu toda a conversa. Quando os ladrões levantaram a tampa do caixão ele deu um pulo bem alto. Os dois ladrões correram imediatamente deixando toda a mercadoria. O homem gritou pela mulher. O compadre que não tinha perdoado a dívida vendo o dinheiro também correu pra cima. Começou a empurrar o casale juntar o dinheiro. Ele queria apenas seus dois vinténs.
Chegando lá na frente os ladrões resolveram voltar. Ao chegar na frente da igreja ouviram os gritos de um homem pedindo ao menos seus dois vinténs. Assustados eles saíram correndo. Lá na frente um diz para o outro:
_Rapaz tanta alma lá que não toca nem dois vinténs pra cada um.
   Contada e Escrita por,
                                                                                Michelle Paula p. de freitas
                                                                                                                           cruz, 20/10/2004

Nenhum comentário:

Postar um comentário